Ir para o menu de navegação principal Ir para o conteúdo principal Ir para o rodapé

Artigos

ANO XXIII – NÚMERO 32 – EDIÇÃO COMEMORATIVA 25 ANOS – 2021

A musicoterapia no Brasil

DOI
https://doi.org/10.51914/brjmt.32.2021.378
Enviado
6 dezembro 2021
Publicado
18-02-2022

Resumo

“Music Therapy: International Perspectives”, livro organizado por Cheryl Dileo Maranto, então professora e coordenadora de Musicoterapia da Temple University (USA), foi publicado em 1993. Visando produzir uma visão de conjunto da situação mundial da carreira, a obra foi dividida em três partes: a primeira traz informações sobre os 36 países que responderam ao convite para participar do livro, a segunda aborda a Federação Mundial de Musicoterapia (World Federation of Music Therapy) e outras iniciativas internacionais e a terceira intitula-se Perspectivas Globais. Maranto enviou aos convidados a escrever sobre os seus países um conjunto de categorias que deveriam estruturar os seus respectivos capítulos: 1) Definições; 2) Perspectivas históricas (pessoas significativas no campo, associações, publicações, conferências, cursos de formação, padrões profissionais, mercado de trabalho); 3) Perspectivas teóricas; 4) Influências culturais; 5) Áreas da prática; 6) Pesquisa; 7) Tendências futuras. O texto que se segue é o capítulo 5 do livro, intitulado “Musicoterapia no Brasil”, escrito por Lia Rejane Mendes Barcellos e Marco Antonio Carvalho Santos. A musicoterapia brasileira apresentava, quase trinta anos atrás, um quadro bem diferente do atual, assim como as condições para a realização de um levantamento de dados com essa extensão eram bem diversas. Em primeiro lugar, ainda não existia uma entidade nacional, já que a União Brasileira das Associações de Musicoterapia (UBAM) só veio a ser criada em 1996 e a formação se limitava a cursos de graduação em três estados brasileiros e duas pós-graduações (lato sensu). A produção do capítulo iniciou-se com a solicitação às associações e cursos de dados sobre as categorias indicadas pela organizadora do livro. Cabe registrar aqui que sem a colaboração dos cursos e associações de musicoterapia este texto teria sido uma tarefa impossível de realizar. Não conseguiríamos listar todos os que contribuíram para a construção desse quadro da musicoterapia em nosso país sem correr o risco de, mesmo elencando muitos nomes, deixar de mencionar contribuições fundamentais. Queremos destacar que, o texto a seguir é um quadro da musicoterapia produzido por dezenas de mãos e que, acreditamos, pode ajudar a situar o nascimento e desenvolvimento da carreira em nosso país. Quando fomos convidados a publicá-lo na Revista Brasileira de Musicoterapia (RBM) ficamos contentes com a oportunidade pensando que fazê-lo daria acesso a um escrito que nunca foi traduzido e, portanto, difícil de encontrar, mesmo que apenas para consulta. Por outro lado, a sua publicação colocava uma série de questões. Em primeiro lugar, muitos termos correntes na ocasião - como meninos de rua, hoje meninos em situação de rua, cegos e surdos, hoje deficientes visuais e auditivos, e “deficientes intelectuais” ao invés de deficientes mentais – já não são empregados, o que pode causar certa estranheza aos leitores. Tentar atualizar terminologias implicaria em produzir um novo texto, sacrificando o seu caráter de documento datado. Por outro lado, sendo publicado pela RBM, o mesmo terá uma nova data de publicação, muito distante da original. Com isso, poderá correr o risco de ter trechos citados como se tivesse sido escrito hoje. Diante disso, seria conveniente que, quem for citá-lo, indique não só a data de publicação atual como a original. Esperamos que esta publicação estimule as associações e cursos de musicoterapia a atualizar e aprofundar o quadro aqui apresentado. Passados quase trinta anos desde que o texto foi escrito, o cenário da musicoterapia brasileira se apresenta profundamente modificado. Foram muitas as conquistas a serem registradas. Entre elas podemos citar, sem pretender esgotá-las, a criação de novos cursos (inclusive em instituições federais de ensino), de novas associações, a multiplicação do número de profissionais formados, a existência da União Brasileira das Associações de Musicoterapia, eventos científicos nacionais e nos diversos estados e a Revista Brasileira de Musicoterapia que se consolidou desde sua criação em 1995. A Musicoterapia no Brasil continua empenhada na regulamentação da profissão e, por certo, no enfrentamento de novos desafios colocados pelo próprio crescimento da categoria e de sua inserção no complexo contexto da saúde no Brasil. Uma análise atualizada dessa trajetória contribuirá para novos avanços, na medida em que estimula a reflexão e fortalece a consciência coletiva da categoria sobre o processo histórico da sua atuação no país.

Referências

  1. BARCELLOS, L. R. M. Cadernos de Musicoterapia, Vol. 2. Rio de Janeiro: Enelivros, 1992.
  2. ______. Musicoterapia e Cultura. Texto não publicado. Conservatório Brasileiro de Música. Rio de Janeiro, 1999.
  3. BRUSCIA, K. Case Studies in Music Therapy. Phoenixville, PA: Barcelona Publishers, 1991.
  4. CARVALHO, Doris Hoyer de. Etapas do Processo Musicoterápico. Boletim da Associação Brasileira de Musicoterapia. N. 2. Rio de Janeiro, 1975.
  5. MILLECCO, L. A. Princípio de ISO coletivo e cultural em Musicoterapia. Monografia não publicada. CBM, RJ, 1978.
  6. SYDENSTRICKER, T. O Papel da Cultura em Musicoterapia. Monografia de conclusão de Curso de Graduação em Musicoterapia. Não publicada. Rio de Janeiro, 1986.
  7. URICOECHEA. A. S. Musicoterapia e o Grupo Familiar. Monografia de conclusão de curso. Conservatório Brasileiro de Música. Rio de Janeiro, 1983.
  8. COSTA, Clarice. O Despertar para o Outro: Musicoterapia. São Paulo: Summus, 1989.
  9. NISEMBAUM, E. Prática da Musicoterapia. Rio de Janeiro: Enelivros, 1990.
  10. BARCELLOS, L. R. M. Cadernos de Musicoterapia n° 1. Rio de Janeiro: Enelivros, 1992.
  11. BARCELLOS, L. R. M. Cadernos de Musicoterapia n° 2. Rio de Janeiro: Enelivros, 1992.
  12. LEINIG, Clotilde Espínola. Tratado de Musicoterapia. São Paulo: Seta. 1977.

Artigos Semelhantes

<< < 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>